sexta-feira, 9 de março de 2012

A lenda da Lagoa Feia

Quando começou a povoar as margens da Lagoa Feia, em torno de 1750, começou a fazer as missas para evangelizar os que estavam erradicados naquele local.
Visto a necessidade, o padre que atendia as missas resolveu construir uma igrejinha para atender os seus fiéis. Por muito tempo, todas as missas eram respeitosas e todos viviam com muito medo da mão de Deus.
Nesse meio de tempo, apareceu em Formosa um jovem que ninguém sabe de onde veio e era ele que organizava todas as festas da população. Exímio tocador de festas, João Carpinteiro transmitia uma alegria contagiante e ganhava todos com sua simpatia, mantendo muitos simpatizantes que gostavam de alegrar junto com aquele jovem.
Durante a quaresma, João Carpinteiro falava com todos que faria uma festa dentro da igreja na Sexta Feira da Paixão, convidando músicos da Bahia e de Minas Gerais, mostrando ser uma festa realmente alegre, regada de danças e bebidas.
Como a chave ficava na casa da beata Maria, o Padre veio fazer a missa de Lavapés na Quinta Feira da Semana Santa e recomendou na própria missa que "quem participasse do sacrilégio que estava sendo organizado, estaria amaldiçoado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", benzendo nesse momento a beata Maria para que aquela Água Benta desse a Ela todo o poder celestial da Virgem Maria para invocar aos Céus caso eles forçassem o acontecimento da festa.
A Sexta Feira da Paixão foi normal como as outras, mas João Carpinteiro começou a receber os convidados e convenceu muitos jovens a estar com ele na grande festa que aconteceria dentro da igreja. João Carpinteiro foi categórico, "Deus não se ira com a alegria dos homens", era o que ele dizia a todos e reuniu consigo muitos que apenas queriam se divertir.
Ao chegar na igreja, João Carpinteiro não queria se envolver diretamente com a beata Maria, pois tinha medo da Água Benta que o padre tinha jogado sobre ela e não queria ser amaldiçoado. Por isso, em vez de pegar a chave, resolveu quebrar o cadeado para todos entrarem.
Em seu barraco, a beata Maria dormia sossegadamente e sonhou que todos profanavam o nome de Cristo dentro da igreja, com festa, bebedeiras e namoros dentro da própria igreja. O sonho foi tão forte que a beata Maria acordou assustada, correu para ver se a chave estava no lugar e tranquilizou ao ver que tudo estava normal.
Dentro da igreja, João Carpinteiro falava e afirmava a todos que realmente Deus não os amaldiçoaria por estarem festejando alegremente, pois esse era o símbolo da união e esse era o propósito de Deus. Todos estavam tranquilos, dançando, bebendo, comendo, namorando e fazendo de tudo dentro da igreja naquela Sexta Feira da Paixão.
A beata Maria ainda ficou preocupada e seguiu em direção da igreja, quando começou a ouvir todo o festejo e não acreditava, pensava ser um sonho ou alucinação. Chegando na frente da igreja, caiu de joelhos em terra e gritou para Deus onde ele estava que aceitava toda aquela bagunça dentro da Sua casa.
Nesse momento, as portas da igreja fecharam sozinhas e a igreja começou a tremer, tremendo tanto que desabou em cima de todos que estavam presentes, matando todos e ficando apenas o cruzeiro em pé e os corpos dos que morreram virou pó no meio de toda aquela destruição.
Quem quiser conhecer o cruzeiro, ele ainda está de pé, é só procurar o Juarez do bar nas margens da Lagoa Feia que ele mostra essa grande lembrança.
A partir daí, nunca reergueram nenhuma igreja nesse local, nem mesmo algum pescador consegue pegar algum peixe na Sexta Feira da Paixão.
Assista esse vídeo feito do cruzeiro:

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