terça-feira, 3 de abril de 2012

Registro da Lagoa Feia




Como vimos anteriormente, Formosa esteve na Rota do Ouro, mas não somente pela Rota do Ouro, mas principalmente na Rota Agropecuária. Consta na história de Minas Gerais, uma grande curiosidade: antes de existir as vilas auríferas, já existiam vilarejos de criação de gado. Vamos a um pequeno trecho registrado no site http://bndigital.bn.br/redememoria/revser.html:

“A região do sertão do São Francisco não fora ocupada em razão dos descobrimentos auríferos; em sua área não havia ouro e seus moradores viviam basicamente da criação de gado, da agricultura e do comércio com a região mineradora, embora a exploração do metal precioso fosse responsável por sua dinamização econômica. O processo de ocupação da região se deu a partir da confluência da expansão das fazendas de gado vindas da Bahia e Pernambuco e da busca do apresamento indígena por bandeirantes paulistas, com predomínio deste ultimo segmento, segundo apontam alguns estudos. No sertão, antes mesmo da criação das primeiras vilas nos distritos auríferos, já haviam surgido os primeiros arraiais no sertão. Definitivamente Minas não nascera sob o signo do ouro e mesmo que o seu nome possa sugerir, suas origens mais remotas estão nas gerais. A apreensão dessa percepção teve um peso significativo para os colonos que se fixaram a beira do São Francisco e estabeleceram seus empreendimentos agrícolas e pastoris para o abastecimento da região mineradora. Para tanto tiveram que expulsar, exterminar ou estabelecer alianças com as tribos indígenas locais. Uma vez estabelecidos e fixados, as atividades ali desenvolvidas exigiam investimentos mais duradouros, em que para plantar ou criar gado era necessário estabelecer vínculos maiores com a terra. Tratava-se portanto de uma população não tão fluida, ou instável como a da região mineradora, mas nem por isso menos tumultuosa. Tal noção destoa de certos autores que, resvalando num determinismo climático, identificam a maior incidência dos protestos em Minas (leia-se região mineradora) à própria natureza da atividade aurífera, própria a qualquer área de mineração, que muito instável provocava constantes conflitos.”

Como Goiás, que nessa época pertencia a São Paulo, estava exatamente na rota dos comerciantes Baianos e Pernambucanos que levavam mercadoria para Minas Gerais, Dom Antonio Luiz de Távora, governador de São Paulo, escreveu uma carta, passando informações a Dom João V sobre a existência das picadas que se haviam aberto entre os currais da Bahia e Minas Gerais. Essa carta, que era datada de 29 de Setembro de 1733, foi respondida em 18 de Novembro de 1734. Logo depois, em 9 de Dezembro de 1734, veio a carta régia determinando que o governador de São Paulo convocasse uma junta a fim de estudar e resolver o referido assunto.

Após diversas reuniões, em 1736 foi arrematado o contrato das entradas para Goiás por Bernardo Fernandes Guimarães, sendo confirmado para esse emprego exatamente através da carta régia datada do dia 03 de Junho de 1738, sendo que, desde os princípios de 1736, já se distribuía fiscais pelas mediações da Lagoa Feia.

Como um dos caminhos mais trilhados era o que vinha dos currais de São Francisco e esse passava pela cabeceira da Lagoa Feia – caminho conhecido na época como Picada da Bahia – foi ali, na cabeceira da respectiva lagoa, estabelecido um registro com essa denominação.

Para essa estação fiscal, foi construída uma casa coberta de telhas, espaçosa, porém baixa, como ainda atestam os esteios dela, deteriorados pelo tempo. Essa foi edificada na parte setentrional da Lagoa Feia, de onde dista uns 200 metros. Por pesquisas realizadas recentemente, no mês de Março de 2012, foi possível constatar esteios semelhantes a esses aqui citados no raio de 3km do Global Position System 15º 33' 52" S, 47º 17' 36" W, mas no entanto será confirmado após auxílio do Exército Brasileiro devido estar localizado em área de treinamento da referida Força.

O Registro da Lagoa Feia foi um dos melhores situados em todo o Centro Oeste, visto que, além de fiscalizar as mercadorias do trajeto Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, conseguia interceptar também a rota dos currais de Manga, que outrora passava por aquela Picada, entre a Lagoa Feia e a Serra de São Pedro (naquela época Serra do General), distando uma légua de Formosa.
Com a Independência do Brasil, veio a extinção do registro da Lagoa Feia, assim como a dos demais registros, entretanto, em 1823, ainda consta o pagamento de 200$000 (duzentos contos de Réis) ao fiscal do referido posto.

Principal fonte de pesquisa: JACINTHO, Olympio. Esboço Histórico de Formosa, 1931.

Quermesses Formosenses - Junho


FESTAS JUNINAS – RESUMO

O mastro dos Santos, geralmente inclui de um lado Santo Antônio, no outro São João e no terceiro São Pedro e é uma das tradições mais bonitas das Festas Juninas. Muitas pessoas consideram essas festas como um grande simbolismo de fé e devoção, carregando uma energia divina muito forte.
O mastro começa desde a procura da madeira, a pintura, os enfeites, as fitas, as laranjas, todos detalhes, mínimos que sejam, é necessário para que tudo aconteça da maneira esperada. O segundo passo é o levantamento do mastro, momento que todos os devotos se ajuntam e pela fé levantam o mastro contendo a bandeira de cada um dos santos em suas três faces. Todos que trabalham nessa festa acreditam que vão adquirir sorte pelo trabalho realizado, mas tem essa confirmação quando a bandeira que fica um pouco abaixo do topo do mastro vira para o lado de algum devoto e tremula ali por alguns instantes. Agora vamos falar um pouquinho da especificidade de cada festa.

FESTA DE SANTO ANTÔNIO – 13 DE JUNHO

Fogueiras, foguetes, levantamento de mastro, festa, reza, cânticos religiosos e muita devoção está presente em diversas casas no início de junho, podendo colocar como principal nos dias de hoje o senhor que mora na Rua São João, próximo à Panificadora Trigoiás. Na ocasião do dia 13 de Junho, uma reza é realizada com muito café e biscoitos, sendo que ao final termina com danças populares cheias de quentão, amendoim, pipocas e bastante doce. Na região localizada da antiga Fazenda Poções, a aproximadamente 16 Km de Formosa, devido a presença da Capela de Santo Antônio, a população mantém viva toda a tradição, inclusive a trezena de Santo Antônio, com suas respectivas folias.

Um costume da região e dos devotos é de caminharem na brasa da fogueira a fim de conseguir um matrimônio. Diz que aquele que consegue tal proeza, acaba arranjando um casamento muito abençoado por Santo Antônio, constituindo assim uma família próspera e feliz.
 

FESTA DE SÃO JOÃO – 24 DE JUNHO

Muito parecida com a festa de Santo Antônio, a festa de São João mantém a tradicional reza de ladainhas apropriadas, contando também com as cantorias, a fartura de biscoitos e café, além das danças e folguedos populares ao final da festa. O uso do quentão é justificado exatamente pelo tempo frio do mês de junho. Nessas festas é proibido o uso de bebidas alcoólicas. O principal local de atividade dessa festa é na Capela de São João, no Jardim Califórnia.

O foco dessa festa é principalmente por São João ser o melhor amigo de Jesus, era “Aquele” que deitava no colo do mestre. Lembramos também que São João era o mais novo e, foi da prisão dele em Patmos, que tivemos o livro da Revelação.
 

FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO – 29 DE JUNHO

Como as demais festas de devoção, essa é mais uma organizada pela Igreja Católica, sendo sua principal festa realizada na Capela de São Pedro e São Paulo localizada no Jardim das Américas. A festa cheia de fé e devoção conta também com muitos leilões, bingos e barracas.

Festa da Exposição Agropecuária - Final de Julho e Início de Agosto


Coordenada pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Formosa, a Festa Agropecuária já conta com mais de meio século de execução em nossa cidade, sendo que a primeira realização se deu em 1944, se tornando um marco principalmente por exaltar nossa principal produção regional (agropecuária) e estar junto ao aniversário da cidade.

A Festa Agropecuária acontece por aproximadamente 10 dias e conta com apresentação de cantores regionais e nacionais, tendo também o tradicional torneio de rodeio, onde companhias tradicionais de Formosa – como é o caso da Companhia João Palestino – se preparam por todo o ano a fim de conquistar mais um ou tantos títulos.

Festa da Moagem e da Farinha - Final de Junho



Idealizada e coordenada pelo Léo do Museu, é uma festa de mostrar a tradição formosense derivada de costumes rurais, sendo seu carro chefe a moagem da cana no engenho tocado por bois e a fabricação dos derivados da garapa ao vivo e de maneira artesanal. No local ainda podemos comprar todos os produtos fabricados ali, como a garapa, pinga de alambique, rapadura, melado, batida, entre outros. Ainda no início da festa, foi colocado como demonstração também as tecelãs, tecendo e fiando para que todos possam conhecer como era em nossa época antiga. A primeira festa da moagem foi realizada em 1998.

Na realização da segunda festa (1999), foi inserido também ao tema os processos da farinha, tornando Festa da Moagem e da Farinha. Na parte da Farinha, as mandiocas são descascadas a mão, com faca, nada industrializado, logo após, a mandioca é ralada no “caititu” tocado a mão (sem motor) e a massa é assada também virada manualmente. Junto do forno, além de adquirir aquela farinha mais que saborosa, é feito também uma grande variedade de beijus, seja natural, com manteiga, com coco ou muitas outras.

A Festa da Moagem hoje é considerada, além de um despertar da cultura, um evento educativo para que as crianças conheçam como eram produzidas nossas comidas antigamente. Mais informações, ligue (061)9906-2632.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Os símbolos do Espírito Santo

Mais uma matéria sobre a festa de maior devoção de nossa cidade, a Festa do Divino.

Alguns símbolos são fundamentais na devoção ao Divino Espírito Santo, sendo estes a pomba branca, o fogo, as línguas, a água e o vento. Vamos às definições:
· POMBA BRANCA: símbolo da paz refletida no batismo de Cristo, simboliza a justiça, a simplicidade, a fidelidade e o amor. É o principal reflexo do amor de Deus sempre fiel, agindo na vida dos homens.
· FOGO: simboliza a luz, a força e a coragem. O fogo entusiasma, purifica. O fogo é representado pela cor vermelha das bandeiras e camisetas usada na festa. Lembramos que o vermelho também representa o sangue dos líderes.
· LÍNGUAS: quando, no dia de pentecostes, os discípulos receberam o dom de se comunicar através das línguas estranhas, comunicando através do amor ao Pai, com todos os homens, de todas as nacionalidades.
· ÁGUA: simboliza a pureza, a vida. O Espírito Santo é a água viva descida do Céu para nos lavar e purificar.
· VENTO: o vento varre para longe a covardia dos apóstolos, a dificuldade de entender o que Jesus dizia e o nosso comodismo de hoje.

Os dons do Espírito Santo


Seguindo a tradição de nossa cultura, estaremos falando mais detalhes sobre a Festa do Divino Espírito Santo.

De acordo com o Padre Joaquim, os dons são um presente, uma graça, um carisma, um favor, algo único que só você recebe e só você pode usar o que recebeu. Durante a Festa do Divino, são invocados 7 dons, que são:
· SABEDORIA: saber apreciar e valorizar os bens dessa terra, sem perder de vista os bens eternos. Faz-nos perceber que o Evangelho de Jesus Cristo é de fato uma BOA NOTÍCIA para toda a gente. Ele veio para nos libertar de todas as escravidões, inclusive a morte. É o dom de perceber o certo e o errado, o que favorece e o que prejudica o projeto de Deus. Por este dom buscamos não as vantagens deste mundo, mas o Bem Supremo da vida, que nos enche o coração de paz e nos faz felizes. Diz o Senhor: "Feliz o homem que encontrou a sabedoria... Ela é mais valiosa do que as pérolas" (Cf. Pr 3,13-15).
· INTELIGÊNCIA ou ENTENDIMENTO: pela luz da fé, crescer no conhecimento do mistério da evangelização. É o dom que faz-nos ver as coisas de uma forma diferente, da maneira de Deus ver as coisas; percebemos que Ele é nosso amigo e n’Ele podemos confiar, mesmo no meio da escuridão da noite, quando a fé se torna difícil. É o dom divino que nos ilumina para aceitar as verdades reveladas por Deus. Mesmo não compreendendo o mistério, entendemos que ali está a nossa salvação, porque procede de Deus, que é infalível. O Senhor disse: "Eu lhes darei um coração capaz de me conhecer e de entender que Eu sou o Senhor" (Jr 24,7).
· CONSELHO: escolher nas encruzilhadas da vida o que mais convém no bem ao próximo e à glória de Deus. Faz-nos conhecer em Jesus o amigo mais seguro, mais fiel. Ainda que todos nos abandonem, ele continua ao nosso lado, como caminhou com os discípulos de Emaús. É o dom de saber discernir caminhos e opções, de saber orientar e escutar, de animar a fé e a esperança da comunidade. Mas o Senhor disse-lhe: "Não te deixes impressionar pelo seu belo aspecto, porque eu o rejeitei. O que o homem vê não é o que importa: o homem vê a face, mas o Senhor vê o coração" (1 Sm 16,7).
· FORTALEZA: saber ser “forte” nas tentações e “corajoso” na luta pelo amor, pela justiça e pela paz. O Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, para não sucumbirmos sob o peso das dificuldades e para prosseguirmos, com esperança e alegria, o nosso seguimento de Jesus Cristo. É o dom de resistir às seduções, de ser coerente com o Evangelho, de enfrentar riscos na luta por justiça, de não temer o martírio. São Paulo confiava no dom da fortaleza. Ele disse: "Se Deus está conosco, quem será contra nós?" (Rm 8,31).
· CIÊNCIA: conhecer cada vez melhor a própria realidade interior, limitações e fraquezas e a beleza da virtude a que se é chamado. Este dom aponta-nos para onde se encontra a sabedoria cristã: ela está no AMOR. Quem ama chegará à alegria plena. É o dom de saber interpretar e explicar a Palavra de Deus. Por este dom, o Espírito Santo nos revela interiormente o pensamento de Deus sobre nós, pois "os mistérios de Deus ninguém os conhece, a não ser o Espírito Santo" (1 Cor 2,10-15).
· PIEDADE: sentir o gosto pela oração e pela atração para as coisas do amor. Este dom faz-nos VOLTAR para Deus, a fim de o louvarmos e de nos empenharmos no seu projeto de felicidade para toda a humanidade. É o dom de estar sempre aberto à vontade de Deus, procurando agir como Jesus agiria e identificando no próximo o rosto de Cristo. É o dom pelo qual o Espírito Santo nos dá o gosto de amar e servir a Deus com alegria. "O Reino de Deus não consiste em comida e bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14,17).
· TEMOR DE DEUS: com profundo respeito, andar na presença de Deus. Não se trata de ter medo de Deus, mas de ter UM GRANDE MEDO DE NÃO O AMARMOS COMO CONVÉM, COMO ELE DESEJA para nós. Somos impelidos a estar sempre insatisfeitos, procurando caminhar para a perfeição do amor. Não quer dizer "medo de Deus", mas medo de ofender a Deus. Sendo Ele o nosso melhor amigo, temos o receio de não lhe estarmos retribuindo o amor que lhe é devido. Mais do que temor, é respeito e estima por Deus. "Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e com todas as tuas forças" (Dt 6,4-5).
É aconselhado a todos que, durante toda a festividade, não tenha apenas a alegria carnal, mas sim o intuito de ser revestido dos dons de Deus.