sexta-feira, 30 de março de 2012

O giro da Folia

A Festa do Divino é do povo, para o povo e feita pelo povo. É assim que podemos demonstrar como é a participação da comunidade nessa festa, pois o povo participa e coopera da melhor forma possível em troca de apenas receber os dons do Espírito Santo.
A duração da festa é de 10 dias, contando com a novena que encerra na véspera do Pentecostes. São 10 dias que a maioria da população se veste de vermelho, nem que seja apenas uma camiseta, mesmo que seja de festas anteriores, os fiéis sempre priorizam por essa cor.
Mesmo com as grandes contribuições, a igreja prova que no final da festa o rendimento sempre é pequeno, pois é servido refeição dois dias para em torno de dez mil pessoas e o gasto é alto com a ornamentação, banda de música, sonorização, entre outros.
Esta é uma festa tradicional de Formosa e importa inclusive pessoas de outras cidades ou estados, os quais vêm exatamente para cultuar o Divino Espírito Santo.
O dia maior é o sábado da Folia de Rua, onde o povo prova a sua fé, alguns percorrendo todo o dia com os devotos andando descalços, cantando e alegrando pelas bênçãos dantes recebidas e em busca de revigorar os dons oferecidos pelo Divino Espírito Santo.
A Folia de Rua começa às quatro horas da manhã com a alvorada, tocada pelos músicos acompanhados por foguetes e até carros de som. Cabe lembrar que a alvorada ocorre em todos os dias da festa, sendo considerada como o Despertar pelo Divino Espírito Santo.
A alvorada do dia da Folia de Rua termina no divinódromo onde é servido o café da manhã, onde para ter a magnitude desse café da manhã, para o ano de 2008 foram providenciados 30.000 biscoitos, 350 litros de leite e 25 kg de café.
Após o café, o cortejo de foliões se dirige à Catedral, onde é celebrada uma bela missa, seguida da bênção das bandeiras. Nesse momento, são escolhidas algumas pessoas de boa índole responsáveis por coletar dízimos para apoiarem no pagamento das espessas contas. A
multidão segue em cortejo pelas ruas da cidade, em um mapa previamente montado, fazendo inclusive algumas paradas durante esse percurso, entrando nas casas com a bandeira para abençoar a casa e a família. É interessante perceber a devoção, onde os fiéis cortejam prostrando de joelhos e beijando respeitosamente a bandeira, isso em uma sequência frenética de todos os moradores da casa. Em algumas casas, como é o caso da família de Nenem Araújo e outros, é servido um lanche para todos que estão no cortejo, sendo assim em praticamente todas as
paradas. A devota Neima Santos sempre diz que “o Divino é de fartura, por isso tantas comidas, muitas vezes multiplicadas pelo próprio Divino Espírito Santo”.
Após o giro da manhã, onde geralmente acontece o encontro das folias da roça e da cidade, tem também o almoço, geralmente calculado para mais de sete mil pessoas, tudo com fartura. Vamos contemplar o que foi gasto em 2008:
· 55 vacas (50 para o almoço e 5 para a paçoca);
· 1.000 kg de arroz;
· 12 sacas de 60 kg de feijão;
· 10 sacas de 60 kg de farinha (paçoca);
· 160 kg de macarrão;
· 75 caixas de óleo;
· 1.000 litros de refrigerante;
· 600 kg de doces;
· 10.000 pratos descartáveis;
· 10.000 copos descartáveis;
· 10.000 garfos ou colheres descartáveis.
Salada
· 15 caixas de cenoura;
· 50 caixas de tomate;
· 10 caixas de pimentão;
· 365 maços de couve;
· 500 maços de cheiro verde;
· 04 sacas de cebola.
Após o almoço, os devotos retornam para as ruas, chegando geralmente às 19:00hs na Catedral para a missa. Sempre depois da missa, muita festa com barraquinhas, bingos, leilões e o bingão.

Curiosidades sobre a Festa do Divino


Nas primeiras festas, o imperador vestia uma roupa específica daquele cargo, sendo essa o símbolo do Poder recebido de Deus para transportar a bandeira, sendo que hoje em dia o imperador usa roupa normal, revestida por uma capa vermelha, bordada com lantejoulas, combinando com a coroa de prata que traz na cabeça. Nas costas da capa, destaca uma pomba rebordada, cujos raios resplandecem representando o Divino Espírito Santo.
A festa acontece todo ano através do serviço de muita gente principalmente comandados pelo folião e o imperador e em cada festa os pretendentes inscrevem seus nomes e na última missa da festa é feito o sorteio para escolha do folião e imperador que serão responsáveis pela festa do próximo ano.
A coordenação da festa é de responsabilidade do Imperador e do Folião. O imperador é o coroado
pelo padre no Dia de Pentecostes e recebe a coroa e o manto, sendo esses os principais sinais do poder do Espírito Santo. O imperador é responsável pela espiritualidade da festa, pelo trabalho de evangelização, divulgação e decoração. O Folião é quem dirige a folia pelas ruas da cidade e carrega a Bandeira do Divino Espírito Santo, enquanto o imperador carrega a Coroa. A organização dos cafés, almoços, bingos, leilões, prendas, entre outros, fica por conta da Comissão Organizadora, a qual atualmente temos grandes referências como a Sra Vera Couto e o Sr. Synésio Araujo.

História da Festa do Divino em Formosa Goiás

Em 22 de agosto de 1838, através da Lei Provincial de Goiás, começou oficialmente a Festa do Divino no então Arraial dos Couros, sendo essa primeira com o Padre Joaquim Antônio da Rocha. Devemos lembrar que antes dessa data, já acontecia algo semelhante trazido pelos tropeiros viajantes vindos de São Paulo e de Minas Gerais.
As festas passaram a ser anuais, até que em 1905, os franceses que compunham o Clero Secular tentaram acabar com a Folia do Divino Espírito Santo, alegando que a mesma profanava o nome do Senhor e que não estava de acordo que continuasse. Na verdade, nessa época não conseguiu parar esse lindo movimento.
Em 1910, após ter sido considerada totalmente cristã pelo Clero Secular, a Folia do Divino Espírito Santo passou a ter imperadores e foliões como existem até hoje.
Mesmo com todo fervor popular, em 1956 o padre Thiago Leigen, o qual possuía uma visão mais fechada, proibiu a festa por considerá-la profanática e folclórica. Segundo fiéis da época, a suspensão da festa foi um ato arbitrário e trouxe um grande efeito negativo dentro da igreja. Cabe lembrar que apenas a folia da cidade ficou suspensa, os roceiros continuaram fazendo sua festa por conta própria.
Somente em 1975, quando o padre Thiago foi removido para Belo Horizonte é que a festa voltou a ser realizada. Cabe lembrar que foi a Sra. Leny Araujo quem mais lutou para voltar a realizar essa festa em nosso município e a autorização foi por parte do Bispo Diocesano Dom Victor.

O carro de boi

Os antigos de Formosa contam a história de um carreiro que viajava com sua família no dia de Sexta Feira da Paixão, transformando a viagem em tragédia. Quando o carro de boi passava perto da cidade de Formosa, pegou fogo e todos morreram. Alguns acreditam que o acidente fora provocado pelo atrito do eixo da roda que se aqueceu durante a longa jornada, provocando faísca, que resultou no grande incêndio. Na época, era de costume usar o carro de boi toldado, ou seja, coberto com taboca e couro trançado, para proteger os passageiros e os mantimentos do sol e da chuva. O material usado para cobrir o carro era muito fácil de se queimar. Também era costume, transportar muito toucinho, que em caso de incêncio, transformava-se em grande perigo, ajudando o fogo a consumir tudo em pouco tempo, razão pela qual, achavam ser muito difícil alguém conseguir sair rapidamente do carro de boi em caso de incêndio.
A maioria da população descarta ter sido um acidente, julga ter sido um castigo pelo fato de estarem viajando em um dia santo e por isso foram castigados.
Após a tragédia, todos os anos, na sexta feira da Paixão, os moradores ouviam o som do carro de boi cantando. Ainda hoje, algumas pessoas afirmam ouvir o som do carro de boi na sexta feira da Paixão, mas devido ao crescimento da cidade e em conseqüência o barulho, já não é mais possível ouvir com nitidez o som do carro de boi.

COSME E DAMIÃO DA PÁSCOA


Nos tempos antigos, ainda na igrejinha da Praça do Jardim, na madrugada da Sexta Feira da Paixão, dois meninos gêmeos vinham até a igreja e tocavam os sinos para abençoar as crianças da região. Alguns padres sabendo da história reforçavam-na, tocando eles próprios o sino da igreja, nas madrugadas de Sexta Feira da Paixão.

O BICHO DA LAGOA

Os antigos acreditam plenamente que um bicho mora dentro da Lagoa Feia e sobrevive alimentando-se de peixes. Quando os peixes acabarem, o bicho sairá da lagoa para procurar alimentos. Como o bicho é muito grande e tendo dificuldade para sair da lagoa, seus movimentos violentos agitarão as águas de tal forma que inundará a cidade, afogando toda a população.
Os primeiros automóveis foram confundidos com o tal bicho, causando situação de pânico entre a população da periferia. Por muito tempo, até meados do século XX, os donos de automóveis contavam como era engraçado ver aquela gente humilde da zona rural fugindo e se escondendo no cerrado quando via um automóvel.

A VERSÃO ANTIGA DA LENDA DA SERPENTE (Formosa em retinas idosas)


Nos tempos remotos, existia uma cobra adormecida debaixo da cidade. A jibóia era tão grande que sua enorme cabeça estava debaixo da antiga igrejinha, construída na praça do Jardim e seu rabo na Lagoa Feia, distante 06 Km, aproximadamente. Quando o galo de bronze que enfeitava a torre da primeira igrejinha cantasse, essa cobra se despertaria, engoliria a igrejinha e seus movimentos bruscos causariam um terremoto que destruiriam a cidade, permanecendo para sempre soterrada.
Um certo padre sabendo da história, mandou destruir o galo de bronze, salvando a cidade. Com isso a cobra continua adormecida embaixo da cidade.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O pé de Mandioca na Praça da Feira

Em torno de 1800 a 1850, um certo formosense que morava numa chácara nas proximidades de onde hoje é a Pastelaria do Du na praça da feira e era um lavrador de "mãos abençoadas".
Tudo que esse lavrador (não me contaram o nome dele) plantava, pegava e produzia em ambundância, sendo um dos principais produtores de nossa região.
Certo dia, esse lavrador plantou um pé de mandioca muito próximo ao brejo e uma raiz desse pé de mandioca foi crescendo, crescendo, estendendo até que aproximou-se do cemitério, passando do lado do cemitério e chegando até a Lagoa dos Santos. Essa mandioca cresceu bastante, aumentando também sua largura e tornando um grande fenômeno, ou seja, uma mandioca com mais de 3 km de extensão.
Quando o pé de mandioca morreu, essa mandioca apodreceu e ficou o buraco por onde corria água por muito tempo, até que em torno de 1985 foi canalizada, onde do lado do cemitério podia ver a galeria com a água correndo por ela até chegar na Lagoa dos Santos.
Apoio: Kactos Lanches

Nego D'água

O então Arraial de Santo Antônio do Itiquira foi habitado nas margens do Rio Paranã, um dos principais rios de nossa região, com muitos peixes e frutos aquáticos.
Como os peixes eram para sustento dos criolos que viviam às margens desse rio, todos pescavam tranquilamente e se alimentavam com bastante fartura. A fama do tanto de peixe que tem no Rio Paranã correu por toda a parte e diversas pessoas de muitos locais foram verificar essa fama.
Como os novos pescadores vinham com ganância, eles traziam redes e mais redes, barcos e desciam rio abaixo para esbanjar da quantidade de peixes que tinha.
A todos esses que vinham com ganância, acontecia um fato inusitado: o anzol fisgava algo e engarranchava exatamente embaixo do barco e no momento que o pescador ia retirar, surgia das águas um negro que pegava o pescador pela cabeça e o levava para o fundo do rio. Por esse motivo, até hoje tem regiões no Paranã que é mal assombrado pelas almas daqueles que afundaram em sua ganância.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Romãozinho

Um casal muito pobre que vivia principalmente da agricultura teve um filho que foi dado o nome de Romão. Por ser muito pequeno, ficou conhecido como Romãozinho.
Desde criança, Romãozinho era muito travesso e, como não tinha medo da mãe, essa era a principal vítima dele, que muitas vezes misturava sal no café que a mãe tinha acabado de coar, colocava também pimenta na carne que estava secando, colocava “pau de bosta” no meio da lenha, entre tantas coisas. Toda vez que o pai de Romãozinho chegava e bebia o café com sal, comia a carne com pimenta, ou pegava o “pau de bosta” para alimentar o fogão de lenha, era aquela briga geral do pai com a mãe e era disso que Romãozinho mais gostava.
Certo dia, ainda cedinho o pai de Romãozinho matou um frango e pediu para que sua mulher fizesse aquele frango bem suculento. A mãe de Romãozinho fez o frango com cheiro verde, açafrão e tantos outros temperos, tanto que o cheiro espalhava por toda a vizinhança.
Na hora do almoço, a mãe de Romãozinho preparou uma marmita muito caprichada para seu marido que estava na roça e pediu para que Romãozinho levasse o almoço do seu pai.
Na estrada, Romãozinho abriu a marmita e comeu todo o frango, colocando de volta na vasilha apenas os ossos e fechando novamente com aquele pano de prato amarrado como a mãe sempre fazia.
O sol já tinha passado da metade do céu quando o pai de Romãozinho viu ele aparecer com a marmita. Com muita fome, ele já foi esbravejando:
- Romãozinho, não viu que o sol já passou da metade do céu? Eu sempre te disse que quem levanta cedo como eu precisa comer antes do sol chegar na metade do céu!
Romãozinho prontamente responde:
- Quem demorou não foi eu, minha mãe primeiro serviu almoço ao homem que vai lá em casa todo dia para depois preparar sua marmita que está aqui.
O pai de Romãozinho pegou a marmita e quando abriu e viu que só tinha ossos, ele perguntou o que tinha acontecido e mais uma vez Romãozinho mentiu dizendo que aquele homem tinha comido o frango todo e sua mãe tinha colocado pelo menos os ossos para ele.
O pai de Romãozinho saiu muito furioso, e Romãozinho corria muito contente, pois sabia que teria mais uma briga. Só não pensava que a briga seria do jeito que foi.
Assim que o pai de Romãozinho chegou em casa, já pegou o machado e repetindo o que o filho disse, deu uma machadada na cabeça da mãe que, enquanto angustiava para morrer, olhou para Romãozinho e o amaldiçoou dizendo:
- Filho, suas mentiras fez eu perder a vida, portanto a partir de hoje, ninguém mais vai te aceitar em casa e, quando morrer, nem na terra, no céu ou no inferno poderás descansar.
Assim, até os dias de hoje, o espírito de Romãozinho fica rondando as casas, derrubando panelas, batendo cancelas, batendo portas, queimando arroz, trocando açúcar por sal, canela por pimenta do reino em pó e fazendo as maiores travessuras possíveis.
Fala muito de Romãozinho fazer suas travessuras na região do Vale do Paranã ou seguindo para o Forte.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A lenda dos Três Coqueiros

A Lagoa Feia em Formosa guarda muitos mistérios e foi lá que Frei Estêvão entrou com os três cabelos de Nossa Senhora da Conceição para prender a serpente que ameaçava destruir o então Arraial dos Couros.
Após amarrada a serpente, Frei Estêvão foi categórico com todos os fiéis formosenses e explicou: A serpente que ameaçava destruir Formosa está presa, no entanto temos que tomar muito cuidado com duas coisas: primeiramente esse coqueiro novo que está aqui do lado é onde está amarrada a cabeça da serpente, ele é muito grande e forte, está enraizado lá no fundo do rio subterrâneo que passa por aqui, portanto ele não pode ser cortado senão a serpente se solta e destrói a cidade; igualmente, no meio da Lagoa Feia tem três coqueiros, cada um de um tamanho e no dia que algum desses coqueiros aparecer no meio da lagoa, a água da lagoa vai inundar todo o arraial.
Entre 1950 e 1960, nosso amigo Osmã Gomes viu um fato onde alguém (acredita ser Zé de Carvalho) cortou a copa de um coqueiro e de noite levou-o para o meio da lagoa amarrando muitos pesos, que dia após dia eram tirados e o coqueiro mostrava mais suas folhas, sendo que assim o povo começou a ficar assustado, pensando que era o coqueiro amaldiçoado que estava nascendo.

A lenda da Serpente

Assim que o Frei Estêvão veio fazer sua visita a Formosa, um pouco acima da Rua dos Criolos havia sido feita uma praça com uma capela (na época, distante do vilarejo). Só que essa capela foi construída exatamente em cima de um rio subterrâneo muito forte e devastador, pois era o rio que alimentava a Lagoa Feia, e todos esperavam que um dia esse rio levasse todas as casas e terras que existiam em sua extensão.
Não bastasse o rio, uma serpente muito grande se criou nesse lugar, chegando a quase uma légua de comprimento.
Como a capela corria perigo, Frei Estêvão rezou bastante, e revestido com os poderes do Divino Espírito Santo, subiu ao céu e ganhou das mãos de Nossa Senhora da Conceição três fios de cabelo, com os quais ele – Frei Estêvão – deveria amarrar aquela serpente.
De volta à terra, Frei Estêvão se benzeu e, tomando consigo os três cabelos de Nossa Senhora da Conceição, entrou caminhando para dentro da Lagoa Feia, encontrando lá dentro três coqueiros submersos na água e o rabo temível da serpente, que no momento estava dormindo. Usando dois cabelos da Nossa Senhora da Conceição, Frei Estêvão amarrou o rabo da serpente aos dois coqueiros maiores e seguiu caminhando pelo rio subterrâneo até chegar à cabeça da serpente. Como Frei Estêvão estava invisível devido ter sido benzido, a serpente não o viu, por isso não avançou sobre ele. Lá no fundo do rio, brotava outro coqueiro, que pode ser visto exatamente atrás da Igreja de Santo Estêvão (no canto direito), foi onde o Frei Estêvão usou o outro fio de cabelo de Nossa Senhora da Conceição para amarrar a cabeça daquela terrível serpente.
De volta, quando Frei Estêvão chegou à Lagoa Feia, a serpente acordou e, sacudindo, percebeu que estava amarrada. Ficou tão furiosa que, mexendo o seu corpo que não estava preso, esvaziou uma terça parte da Lagoa, que pode ser conferida exatamente com a marca do Cruzeiro colocado à margem um pouco antes pelo mesmo Frei Estêvão.
A capela foi demolida e no lugar dela foi construída uma linda igrejinha que, após a morte do Frei Estêvão recebeu o nome de Igreja de Santo Estêvão. Colocando o ouvido no chão próximo à Sacristia, podia ouvir atentamente o barulho das águas e o balançar da serpente tentando se soltar.
Mesmo que a igrejinha foi demolida em 1910, a serpente ainda encontra viva e amarrada, sendo que, se alguém cortar o coqueiro onde ela encontra amarrada, ou mesmo se o fio de cabelo de Nossa Senhora da Conceição se quebrar, ela levantará e arrasará a cidade.
Um curioso mergulhou até o meio da Lagoa Feia e falou que um dos fios de cabelo já se soltou, vamos rezar para que os outros não se quebrem.

O Cruzeiro da Lagoa Feia


Por volta de 1750, quando começaram a criar bastante gado às margens da lagoa feia, muitos ficavam admirados que tinha uma parte de plantas com folhas largas que apenas os bois e vacas passavam, enquanto as mulas, muito usadas para campear o gado, empacavam e não prosseguiam. Não se sabia o que eram aquelas plantas em uma imensidão tão grande, sendo que até os mais astutos dos animais não tinham coragem de adentrar mais àquela plantação.
Como o Arraial dos Couros era atendido espiritualmente pela igreja do Arraial de Santa Luzia, foi pedido que um padre viesse benzer o locar a fim de ser revelado que fato acontecia naquele local.
Nenhum padre tinha coragem, até que Frei Estêvão por volta de 1830, encomendou um cruzeiro muito grande, pois só assim seria possível afugentar os espíritos malignos que ali se encontravam.
Quando Frei Maurício chegou no local, foi pisando até encontrar o brejo com essas referidas plantas, cavando um buraco e colocando o cruzeiro exatamente às margens de onde brotava água e consequentemente havia aquelas temíveis plantas.
Não demorou, as plantas respeitosamente ao cruzeiro foram se abrindo e deixando o local, surgindo assim uma lagoa muito linda onde antes eram águas feias e cheia de lodo. Hoje em dia ainda se pode observar o cruzeiro próximo ao Bar do Juarez e as plantas que já se encontram praticamente na divisa com o Distrito Federal.

sexta-feira, 9 de março de 2012

A lenda da Lagoa Feia

Quando começou a povoar as margens da Lagoa Feia, em torno de 1750, começou a fazer as missas para evangelizar os que estavam erradicados naquele local.
Visto a necessidade, o padre que atendia as missas resolveu construir uma igrejinha para atender os seus fiéis. Por muito tempo, todas as missas eram respeitosas e todos viviam com muito medo da mão de Deus.
Nesse meio de tempo, apareceu em Formosa um jovem que ninguém sabe de onde veio e era ele que organizava todas as festas da população. Exímio tocador de festas, João Carpinteiro transmitia uma alegria contagiante e ganhava todos com sua simpatia, mantendo muitos simpatizantes que gostavam de alegrar junto com aquele jovem.
Durante a quaresma, João Carpinteiro falava com todos que faria uma festa dentro da igreja na Sexta Feira da Paixão, convidando músicos da Bahia e de Minas Gerais, mostrando ser uma festa realmente alegre, regada de danças e bebidas.
Como a chave ficava na casa da beata Maria, o Padre veio fazer a missa de Lavapés na Quinta Feira da Semana Santa e recomendou na própria missa que "quem participasse do sacrilégio que estava sendo organizado, estaria amaldiçoado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", benzendo nesse momento a beata Maria para que aquela Água Benta desse a Ela todo o poder celestial da Virgem Maria para invocar aos Céus caso eles forçassem o acontecimento da festa.
A Sexta Feira da Paixão foi normal como as outras, mas João Carpinteiro começou a receber os convidados e convenceu muitos jovens a estar com ele na grande festa que aconteceria dentro da igreja. João Carpinteiro foi categórico, "Deus não se ira com a alegria dos homens", era o que ele dizia a todos e reuniu consigo muitos que apenas queriam se divertir.
Ao chegar na igreja, João Carpinteiro não queria se envolver diretamente com a beata Maria, pois tinha medo da Água Benta que o padre tinha jogado sobre ela e não queria ser amaldiçoado. Por isso, em vez de pegar a chave, resolveu quebrar o cadeado para todos entrarem.
Em seu barraco, a beata Maria dormia sossegadamente e sonhou que todos profanavam o nome de Cristo dentro da igreja, com festa, bebedeiras e namoros dentro da própria igreja. O sonho foi tão forte que a beata Maria acordou assustada, correu para ver se a chave estava no lugar e tranquilizou ao ver que tudo estava normal.
Dentro da igreja, João Carpinteiro falava e afirmava a todos que realmente Deus não os amaldiçoaria por estarem festejando alegremente, pois esse era o símbolo da união e esse era o propósito de Deus. Todos estavam tranquilos, dançando, bebendo, comendo, namorando e fazendo de tudo dentro da igreja naquela Sexta Feira da Paixão.
A beata Maria ainda ficou preocupada e seguiu em direção da igreja, quando começou a ouvir todo o festejo e não acreditava, pensava ser um sonho ou alucinação. Chegando na frente da igreja, caiu de joelhos em terra e gritou para Deus onde ele estava que aceitava toda aquela bagunça dentro da Sua casa.
Nesse momento, as portas da igreja fecharam sozinhas e a igreja começou a tremer, tremendo tanto que desabou em cima de todos que estavam presentes, matando todos e ficando apenas o cruzeiro em pé e os corpos dos que morreram virou pó no meio de toda aquela destruição.
Quem quiser conhecer o cruzeiro, ele ainda está de pé, é só procurar o Juarez do bar nas margens da Lagoa Feia que ele mostra essa grande lembrança.
A partir daí, nunca reergueram nenhuma igreja nesse local, nem mesmo algum pescador consegue pegar algum peixe na Sexta Feira da Paixão.
Assista esse vídeo feito do cruzeiro:

Formosa na Rota do Ouro

Na grande época do ouro nas rotas dos índios Guaianases, uma das estradas principais para parte dos baianos e mineiros, como os moradores antigos da região ao lado esquerdo do Rio São Francisco (posição norte na parte de cima) passava aqui aproximadamente onde é a BR-o20. Essas viagens seguiam pelo arraial de Santa Luzia (Luziânia), Paracatu, margens do Paranaíba até as tribos Guaianases.
Outro motivo eram os descaminhos da rota do ouro na Bahia, a fim de sonegar os impostos à Coroa Real. A rota que descia paralelamente ao Rio São Francisco era desviada na região de Malhada, virando em direção à Correntina, chegando até Mimoso do Oeste (atual Luíz Eduardo), descendo por Posse para seguir até o Arraial de Santa Luzia e a partir de lá buscar as margens do Paranaíba abaixo da cidade de Paracatu.
Nesses caminhos ou descaminhos do ouro, um dos pontos de parada era próximo a uma lagoa tenebrosa, coberta de musgos e plantas aquáticas que domavam praticamente toda a sua superfície, sendo esse um dos principais pontos determinado como Lagoa Feia, visto a feiura demonstrada pelas plantas que boiavam naquelas águas escuras e amedrontadoras.
Podemos ajuntar as histórias desses viajantes com os vindos do Arraial de Santo Antônio para idealizarmos os primeiros ajuntamentos populacionais da cidade de Formosa.
Devido ao grande movimento, Formosa recebeu um posto de registro da Suprema Corte Real, mas isso já é outra história... CLIQUE AQUI e saiba mais.

segunda-feira, 5 de março de 2012

A Rua dos Criolos

Para ler a história do começo, CLIQUE
AQUI
.
Como dissemos anteriormente, a Lagoa Feia foi o primeiro ponto a ser habitado em Formosa, mas devido ser uma região muito fria devido os brejos, além de ser baixa, os moradores procuraram um local mais alto e plano para fazerem suas cabanas.
Esse primeiro local escolhido, foi à sombra de um Pau Ferro, de onde escolheram a direção Norte Sul para fazer a primeira rua, que ficou conhecida como Rua dos Criolos, apelidada também como Rua dos Couros, devido a grande venda de couros que era feita na região, bem como a cobertuda de algumas casas utilizando o mesmo material.
De acordo com o Plano Diretor Municipal, a data remonta a 1730, período esse que está registrada nas grutas da Fazenda Araras falando da chegada dos primeiros colonizadores.
Esse novo arraial recebeu um grande número de habitantes devido vários fatores, o principal foi a estrada Bahia-Minas Gerais, CLIQUE AQUI e conheça esse fator.

sexta-feira, 2 de março de 2012

O novo arraial perto da lagoa "feia"

Para ler a história do começo, CLIQUE AQUI.

Quando olhamos a Lagoa Feia nessa foto que colocamos aqui, percebemos que na parte de baixo as plantas aquáticas tomam conta da maior parte das águas. Segundo depoimento dos povos antigos, quando os negros chegaram aqui por volta de 1660, essas plantas eram bem mais expessas em quase toda a lagoa, sendo esse o motivo de ser considerada como uma Lagoa Feia.
Com a febre amarela assolando a região do Santo Antônio do Itiquira, toda população restante andou por volta de 5 léguas a sudeste e deparou com um outro local plano, com muitos brejos e lagoas, tornando um lugar com muito capim e propício para a criação de animais.
Nesse local avantajado, foi o escolhido para armar as primeiras barracas devido o grande campo de pastagem e, mesmo que inicialmente eles tinham medo de nadar na maior lagoa por ela ser feia, logo depois já era costume ouvir o povo dizendo que ia tomar banho na Lagoa Feia.
Nas margens da Lagoa Feia era muito bom para criar o gado, no entanto, não era confortável para morar, ou mesmo, eles tinham encontrado lugares melhores... Mas isso já é outra história, CLIQUE AQUI para saber...

A febre amarela e o fim do Arraial de Santo Antônio do Itiquira


CLIQUE AQUI para ler como tudo começou...

Em meados do século XVII, uma grande epidemia de febre amarela assolou a região do Arraial de Santo Antônio do Itiquira, destruindo assim muitas famílias e tirando o sossego da localidade.
Na época, o mais importante ser que cuidava das doenças eram os curandeiros e benzedeiras, visto que médicos não tinha nem no Arraial de Santa Luzia, distante em média de 20 léguas e mais desenvolvido que o Arraial de Santo Antônio do Itiquira.
Por mais que lutassem, cada dia o número de mortos aumentava, chegando ao ponto de terem que abandonar o local do antigo arraial para manter viva a população. Devido o medo da morte, muitas coisas foram deixadas para trás, sendo possível encontrar alguns objetos até recentemente, em meados de 1990.
Com essa mudança, o Arraial de Santo Antônio do Itiquira se acabou e andaram em média de 5 léguas ao sudeste do Arraial até se deparar com uma pequena estrada e uma grande lagoa... Mas essa já é outra história... CLIQUE AQUI para conhecê-la...

Criação do Arraial de Santo Antônio do Itiquira

Nos meados do Século XVII, às margens do ribeirão Itiquira com o Rio Paranã, havia um povoado por nome de Arraial de Santo Antônio, que mais tarde seria conhecido como Arraial de Santo Antônio do Itiquira.
Esse local era povoado por pessoas da raça negra, geralmente fugidos de fazendas dos arredores e que não seguiram para as comunidades quilombolas da Chapada dos Veadeiros, como o Quilombo dos Palmares.
O local foi escolhido por ter terra boa, muita água e muita caça. Inicialmente eles viviam principalmente do agroextrativismo e da caça, mas logo depois começaram a criar gado, principalmente devido ao pasto farto em todas épocas do ano.
A comunidade unida, sempre fazia trocas entre si, de maneira que viviam felizes e unidos, até que foram surpreendidos por algo muito grave... CLIQUE AQUI e saiba o que aconteceu...