Como
vimos anteriormente, Formosa esteve na Rota do Ouro, mas não somente pela Rota
do Ouro, mas principalmente na Rota Agropecuária. Consta na história de Minas
Gerais, uma grande curiosidade: antes de existir as vilas auríferas, já
existiam vilarejos de criação de gado. Vamos a um pequeno trecho registrado no
site http://bndigital.bn.br/redememoria/revser.html:
“A
região do sertão do São Francisco não fora ocupada em razão dos descobrimentos
auríferos; em sua área não havia ouro e seus moradores viviam basicamente da
criação de gado, da agricultura e do comércio com a região mineradora, embora a
exploração do metal precioso fosse responsável por sua dinamização econômica. O
processo de ocupação da região se deu a partir da confluência da expansão das
fazendas de gado vindas da Bahia e Pernambuco e da busca do apresamento
indígena por bandeirantes paulistas, com predomínio deste ultimo segmento,
segundo apontam alguns estudos. No sertão, antes mesmo da criação das primeiras
vilas nos distritos auríferos, já haviam surgido os primeiros arraiais no
sertão. Definitivamente Minas não nascera sob o signo do ouro e mesmo que o seu
nome possa sugerir, suas origens mais remotas estão nas gerais. A apreensão
dessa percepção teve um peso significativo para os colonos que se fixaram a
beira do São Francisco e estabeleceram seus empreendimentos agrícolas e
pastoris para o abastecimento da região mineradora. Para tanto tiveram que
expulsar, exterminar ou estabelecer alianças com as tribos indígenas locais.
Uma vez estabelecidos e fixados, as atividades ali desenvolvidas exigiam
investimentos mais duradouros, em que para plantar ou criar gado era necessário
estabelecer vínculos maiores com a terra. Tratava-se portanto de uma população
não tão fluida, ou instável como a da região mineradora, mas nem por isso menos
tumultuosa. Tal noção destoa de certos autores que, resvalando num determinismo
climático, identificam a maior incidência dos protestos em Minas (leia-se
região mineradora) à própria natureza da atividade aurífera, própria a qualquer
área de mineração, que muito instável provocava constantes conflitos.”
Como
Goiás, que nessa época pertencia a São Paulo, estava exatamente na rota dos
comerciantes Baianos e Pernambucanos que levavam mercadoria para Minas Gerais, Dom
Antonio Luiz de Távora, governador de São Paulo, escreveu uma carta, passando
informações a Dom João V sobre a existência das picadas que se haviam aberto
entre os currais da Bahia e Minas Gerais. Essa carta, que era datada de 29 de
Setembro de 1733, foi respondida em 18 de Novembro de 1734. Logo depois, em 9
de Dezembro de 1734, veio a carta régia determinando que o governador de São Paulo
convocasse uma junta a fim de estudar e resolver o referido assunto.
Após
diversas reuniões, em 1736 foi arrematado o contrato das entradas para Goiás
por Bernardo Fernandes Guimarães, sendo confirmado para esse emprego exatamente
através da carta régia datada do dia 03 de Junho de 1738, sendo que, desde os
princípios de 1736, já se distribuía fiscais pelas mediações da Lagoa Feia.
Como
um dos caminhos mais trilhados era o que vinha dos currais de São Francisco e
esse passava pela cabeceira da Lagoa Feia – caminho conhecido na época como
Picada da Bahia – foi ali, na cabeceira da respectiva lagoa, estabelecido um
registro com essa denominação.
Para
essa estação fiscal, foi construída uma casa coberta de telhas, espaçosa, porém
baixa, como ainda atestam os esteios dela, deteriorados pelo tempo. Essa foi
edificada na parte setentrional da Lagoa Feia, de onde dista uns 200 metros.
Por pesquisas realizadas recentemente, no mês de Março de 2012, foi possível
constatar esteios semelhantes a esses aqui citados no raio de 3km do Global
Position System 15º 33' 52" S, 47º 17' 36" W, mas no entanto será
confirmado após auxílio do Exército Brasileiro devido estar localizado em área
de treinamento da referida Força.
O
Registro da Lagoa Feia foi um dos melhores situados em todo o Centro Oeste,
visto que, além de fiscalizar as mercadorias do trajeto Pernambuco, Bahia,
Minas Gerais, conseguia interceptar também a rota dos currais de Manga, que
outrora passava por aquela Picada, entre a Lagoa Feia e a Serra de São Pedro
(naquela época Serra do General), distando uma légua de Formosa.
Com a Independência
do Brasil, veio a extinção do registro da Lagoa Feia, assim como a dos demais
registros, entretanto, em 1823, ainda consta o pagamento de 200$000 (duzentos
contos de Réis) ao fiscal do referido posto.
Principal fonte de pesquisa: JACINTHO, Olympio. Esboço Histórico de Formosa, 1931.
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